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domingo, 4 de outubro de 2015

Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?-Dehonianos

05/10/2015
Tempo Comum - Anos Ímpares - XXVII Semana - Segunda-feira
Lectio
Primeira leitura: Jonas 1, 1 – 2, 1.11
A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas, filho de Amitai, nestes termos: 2«Levanta-te, vai a Nínive, a grande cidade, e anuncia-lhe que a sua maldade subiu até à minha presença.» 3Jonas pôs-se a caminho, mas na direcção de Társis, fugindo da presença do Senhor. Desceu a Jafa, onde encontrou um navio que partia para Társis; pagou a sua passagem e embarcou nele para ir com os outros passageiros a Társis, longe da presença do Senhor.4Porém, o Senhor fez vir sobre o mar um vento impetuoso, e levantou no mar uma tão grande tempestade que a embarcação ameaçava despedaçar-se. 5Cheios de medo, os marinheiros puseram-se a invocar cada um o seu deus e alijaram ao mar toda a carga do navio para, assim, o aliviar. Entretanto Jonas tinha descido ao porão do navio e, deitando-se ali, dormia profundamente. 6O capitão do navio foi ter com ele e disse-lhe: «Dormes? Que fazes aqui? Levanta-te, invoca o teu Deus, a ver se porventura se lembra de nós e nos livra da morte.» 7Em seguida disseram uns para os outros: «Vinde e deitemos sortes, para sabermos quem é a causa deste mal.» Lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas. 8Disseram-lhe então: «Diz-nos porque nos aconteceu este mal. Qual é a tua profissão? Donde vens? Qual a tua terra e a que povo pertences?» 9Ele respondeu-lhes: «Sou hebreu e adoro o Senhor, Deus do céu, que fez os mares e a terra.» 10Então, aqueles homens ficaram possuídos de grande medo, e disseram-lhe: «Porque fizeste isto?» Com efeito, compreenderam, ao ouvir a confissão de Jonas, que ele fugia do Senhor. 11Disseram-lhe: «Que te havemos de fazer para que o mar se nos acalme?» De facto, o mar estava cada vez mais embravecido. 12Ele respondeu-lhes: «Pegai em mim e lançai-me ao mar, e o mar se acalmará, porque por minha causa é que vos sobreveio esta grande tempestade.» 13Os homens remavam para ver se conseguiam ganhar a terra, mas em vão, porque o mar cada vez se embravecia mais contra eles. 14Então clamaram ao Senhor, dizendo: «Senhor, não nos faças perecer por causa da vida deste homem, nem nos tornes responsáveis do sangue inocente, porque Tu, ó Senhor, fizeste como foi do teu agrado.» 15Depois pegaram em Jonas e lançaram-no ao mar; e a fúria do mar acalmou-se. 16Então, estes homens temeram o Senhor; ofereceram um sacrifício ao Senhor e fizeram-lhe votos. 1O Senhor fez com que ali aparecesse um grande peixe para engolir Jonas; e Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe. 11Então, o Senhor ordenou ao peixe e este vomitou Jonas em terra firme.
O livro de Jonas é o único que se encontra integralmente no Leccionário, com excepção da oração do capítulo 21. Este livro é uma narrativa didáctica, nascida num contexto judaico, em que, por um lado, se pretende defender ciosamente a própria identidade, e, por outro, alguns querem permanecer fechados aos outros povos. O livro de Jonas, com uma narrativa paradoxal e humorística, ridiculariza essa mentalidade nacionalista e exclusivista, para afirmar que o Deus de Israel é também o Deus de todos os povos, mesmo dos inimigos do povo, como era o caso da Assíria, cuja capital era Nínive. O profeta, que representa a mentalidade fechada do judaísmo, é precisamente enviado a essa cidade inimiga, para a convidar à conversão. Tenta escapar, fugindo na direcção oposta, rumo às Colunas de Hércules, o mais longe possível da cidade detestada. Mas Deus sabe como vencer a resistência do profeta, que apesar da tua teimosia, volta a encontrar-se no lugar de partida.
Notemos que os marinheiros pagãos são apresentados como bons homens, que temem ao Senhor. É com repugnância e muita dificuldade que sacrificam o profeta. Também entre os pagãos há gente boa, disposta a acolher os sinais que vêm de Deus. Pelo contrário, entre o Povo de Deus, nem todos se comportam bem, como acontece com o próprio Jonas.

Evangelho: Lucas 10, 25-37
Naquele tempo, 25Levantou-se um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?» 26Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?» 27O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» 28Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.» 29Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?» 30Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. 31Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. 32Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. 33Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. 34Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. 35No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’ 36Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» 37Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.»
Jesus vai a caminho de Jerusalém. Um judeu faz-lhe uma pergunta armadilhada: que devo fazer para alcançar a vida eterna? Jesus responde com outra pergunta que conduz o doutor à própria lei de Moisés. Que está escrito nela? O homem lembra o preceito do amor, tal como estava formulado em Dt 6, 3: «Amarás ao Senhor, teu Deus… e ao teu próximo como a ti mesmo» (v.27), e que os israelitas recitavam todos os dias, acrescentando o preceito do amor do próximo, tal como está expresso no Lv 19, 18.
O legalista, vendo a sua síntese aprovada por Jesus, acrescenta outra pergunta armadilhada: «quem é o meu próximo?» (v. 29). Pensando que, no Antigo Testamento, “próximo” era apenas o israelita e, mais tarde, o imigrado que se tinha inserido na comunidade israelita (cf. Lv 19, 33s.); pensando que, no tempo de Jesus, o «próximo» estava limitado ao membro da própria seita (fariseus, zelotas, etc.), compreendemos a força inovadora que se solta da parábola contada por Jesus. O Senhor não dá uma resposta teórica. Conta uma parábola que ia ao encontro da experiência dos ouvintes, que deviam estar lembrados de acontecimentos idênticos ao narrado por Jesus.
O cenário também é importante: a estrada que, de Jerusalém (situada a 740 metros acima do nível do mar), leva a Jericó (situada a 350 metros abaixo do nível do mar), desenha um percurso cheio de curvas e contracurvas, de gargantas e ravinas, onde facilmente se escondiam salteadores. A acção é animada e forte: o homem agredido, dilacerado e a sangrar é visto por um sacerdote e um levita, que passam ao largo. Finalmente aparece o protagonista da parábola: um samaritano, mestiço, bastardo e herético, que cuida do ferido. Jesus compraz-se na descrição das acções deste homem malvisto pelos judeus. Cheio de compaixão, aproxima-se do homem caído, desinfecta-lhe as feridas com vinho, minora-lhe as dores com azeite, e leva-o para a estalagem onde, à sua custa, o faz curar.
Jesus faz mais uma pergunta: «Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem» (v. 36). Está aqui o centro da narrativa. Quando Jesus diz ao doutor: «Vai e faz tu também o mesmo» (v. 37), desloca totalmente o centro da questão. Não se trata de saber quem é o nosso próximo, porque toda a criatura humana o é; trata-se, isso sim, de saber como nos tornamos próximo do outro. Quem manifesta a sua compaixão em acções concretas em favor de quem precisa, esse é verdadeiro discípulo de Deus porque «se faz próximo» do homem.

Meditatio
As leituras de hoje estão cheias de movimentos que nos envolvem. Jonas foge para não ir a Nínive, como Deus lhe tinha ordenado. Mas, fugindo aos ninivitas, foge de Deus. Quando vezes também eu fujo à missão que Deus me confia, alegando determinadas motivações e as dificuldades do mundo de hoje, tais como a indiferença da juventude, o desmesurado poder dos mass media, a secularização, o fenómeno da globalização e tantas outras questões bem afastadas da lógica de Jesus. Mas fugindo à missão, afasto-me de Deus. 
No evangelho, o sacerdote e o levita também fogem do homem caído à beira do caminho. E não encontraram a Deus. O samaritano, pelo contrário, aproxima-se do ferido e abandonado, cuida dele e torna-se disponível. E encontra a Deus, porque «sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). 
Visto de outro ponto de vista, aquele samaritano, que usa de misericórdia para com o homem caído à beira da estrada, é Deus que se faz próximo do homem, numa dinâmica de amor e de misericórdia. Deus é o Bom Pastor, que procura a ovelha perdida para a reconduzir ao redil, é o Pai que corre ao encontro do filho perdido que regressa, é o Samaritano que se inclina sobre o homem caído, é Jesus que morre na cruz por nosso amor. Deus é assim, e não quer uma religião que nos afaste dos outros, na tentativa de nos protegermos de certos contágios, de uma religião em que o primado não pertença à caridade.
O convite de Jesus - «Vai e faz tu também o mesmo» - é dirigido a cada um de nós. Seria uma boa tradução para o «Ite missa est», pronunciado no fim de cada eucaristia, memorial da morte e ressurreição do Senhor, memorial do seu amor sem reservas nem limites: «Vai e faz tu também o mesmo»; dá-te, entrega-te por amor ao serviço de Deus e ao serviço dos homens, particularmente dos “caídos” à beira dos caminhos da vida, sê uma eucaristia permanente para glória e alegria de Deus, para bem e salvação da humanidade.
Jonas, lançado ao mar e engolido pelo peixe, é reconduzido à praia. Mas, entre um e outro acontecimento, dirige a Deus uma oração que não vem no texto, mas reencontramos no salmo responsorial: «Na minha aflição invoquei o Senhor e Ele respondeu-me. Da morada dos mortos clamei por socorro e ouviste a minha voz» (Jn 2, 3). É um elemento muito importante, porque, sem oração, não é possível abrir-se à graça, passar do egoísmo preocupado consigo mesmo, com a própria vida, com a própria reputação, para o amor que se faz próximo de quem precisa, a exemplo de Jesus, o Bom Samaritano da humanidade.

Oratio
Senhor Jesus, conheces a minha fraqueza, os meus temores, a minha pusilanimidade. Mas nem por isso me dispensas de colaborar no teu projecto de salvação. Dá o teu Espírito de coragem e fortaleza, de atrevimento e zelo, para que, não só não fuja de Ti ou da missão que me confias, mas Te procure com afinco e me entregue com total disponibilidade. Que jamais despreze aqueles a quem me queres enviar. Que jamais engrandeça as dificuldades do meu ministério, para me desculpar da pouca criatividade, do pouco zelo que nele ponho. Dá-me a tua luz, para que reconheça o meu próprio pecado, possa converter-me e trabalhar generosamente na conversão dos meus irmãos. Amen.

Contemplatio
É certo que Nosso Senhor quis descrever-se a si mesmo sob os traços do bom samaritano. Quis revelar-nos sob esta parábola toda a bondade e a compaixão do seu Coração. E se foi o bom samaritano na sua vida mortal semeando por toda a parte os seus cuidados, as suas consolações, socorrendo e curando todos os feridos e os doentes, não endureceu o seu Coração na Eucaristia. Está lá com a mesma bondade, a mesma ternura por aqueles que sofrem. E diz ainda: «Vinde a mim, vós todos que penais e sofreis, e eu vos aliviarei». Irei ter com ele, mostrar-lhe-ei as minhas chagas, as chagas espirituais sobretudo. Ele pôr-lhes-á óleo que adoça e o vinho que cauteriza. Aliviar-me-á, estou seguro. Vede, Senhor, em que estado me reduziram as tentações da carne, do mundo e do demónio, revelai-me, curai-me. (Leão Dehon, OSP 3, p. 642)

Actio
Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
«Vai e faz tu também o mesmo.» (Lc 10, 37).


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