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quarta-feira, 11 de março de 2015

Se o grão do trigo cai na terra e morre, produz muito fruto-Claretianose


Domingo, 22 de Março de 2015
Quinto Domingo da Quaresma
Benvindo, Lea

Jeremias 31,31-34: Farei uma aliança eterno e não mais recordarão de seus pecados
Salmo 50: Ó Deus, criai em mim um coração puro
Hebreus 5,7-9: Aprendeu a obedecer e se converteu em autor da salvação eterna
João 12,20-33: Se o grão do trigo cai na terra e morre, produz muito fruto.

20 Havia alguns gregos entre os que subiram para adorar durante a festa. 21 Estes se aproximaram de Filipe (aquele de Betsaida da Galileia) e rogaram-lhe: Senhor, quiséramos ver Jesus. 22 Filipe foi e falou com André. Então André e Filipe o disseram ao Senhor. 23 Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado. 24 Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto. 25 Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. 26 Se alguém me quer servir, siga-me; e, onde eu estiver, estará ali também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. 27 Presentemente, a minha alma está perturbada. Mas que direi?... Pai, salva-me desta hora... Mas é exatamente para isso que vim a esta hora. 28 Pai, glorifica o teu nome! Nisto veio do céu uma voz: Já o glorifiquei e tornarei a glorificá-lo. 29 Ora, a multidão que ali estava, ao ouvir isso, dizia ter havido um trovão. Outros replicavam: Um anjo falou-lhe. 30 Jesus disse: Essa voz não veio por mim, mas sim por vossa causa. 31 Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo. 32 E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim. 33 Dizia, porém, isto, significando de que morte havia de morrer.

COMENTÁRIO

No meio da aflição que se sente ao ver Jerusalém destruída e por ver o povo dividido entre os que ficaram e os que foram deportados, ouve-se as palavras do profeta Jeremias como um canto ao perdão e à esperança. Com razão estudiosos chamam estes capítulos de Jeremias de “livro da consolação”. Deus quer começar de ovo com seu povo, propondo selar uma “nova aliança”, que gere relações novas entre Deus e seu povo. Que tipo de aliança: Uma que já não está escrita em tabuas, mas no próprio coração das pessoas. Deus deixa claro que não é a simples lei, por si mesma, mas seu espírito, o que nos aproxima de Deus. Quando se tem Deus “no coração”, a lei se humaniza, perde o sentido de absoluto, é aceita a partir do coração, sem legalismos, com sinceridade, e ao ser humano passa a fazer parte do povo de Deus. Com isso, o outro presente que Deus nos faz é participar gratuitamente do seu conhecimento. Não é preciso pagar nem matrícula nem mensalidade, não é preciso ser maior ou menor de idade, de uma ou outra raça: Deus se revela na história de cada povo, sem discriminações, sem esquecer ninguém.
A carta aos hebreus destaca as atitudes de Jesus no cumprimento da vontade do Pai. A passagem recorda a cena do horto das Oliveiras, quando Jesus ora ao Pai ante a possibilidade de ser libertado da morte. A oração teve como efeito fortalecer Jesus para levar a termo sua missão e não poupá-lo da realização de sua missão. Os cristãos temos muito que aprender neste sentido, pois a maioria das vezes nossas palavras, mais que orações ou suplicas, parece “ordens dadas a Deus para que nos faça sua vontade”. O texto nos aproxima também ao sofrimento que Jesus assume como prova de sua obediência aos desígnios do Pai. Oração e sofrimento de Jesus são sinais concretos desta solidariedade compartilhada com a Humanidade. Por esta aproximação tão perfeita à vontade de Deus entre nós, caminho e modelo de salvação aberto a todos os homens e mulheres do mundo. 
No evangelho de João vemos judeus – ou convertidos ao judaísmo – que vêm de Jerusalém para a festa pascal. No meio da caravana aparecem alguns gregos que aproveitam para pedir a Felipe: “Gostaríamos de ver Jesus”. A pergunta não é: “Onde está?”, (a esta pergunta bastaria uma resposta simples), mas um pedido unido ao desejo de mediação dos discípulos para conhecer pessoalmente Jesus. Os mediadores, testemunhas e companheiros de caminho para quem quer ver Jesus. O fato de que seja gregos os que buscam a Jesus talvez queira ser um símbolo da universalidade do evangelho, pois “inclusive os pagãos buscam a Jesus”. A ocasião é aproveitada para anunciar que o tempo das palavras e dos sinais está chegando ao fim, pois se aproxima “a hora” do “sinal” maior: sua paixão e morte de crua.
Jesus lança mão de uma breve parábola. Somente o grão de trigo que morre dá muito fruto. Esta brevíssima parábola apresenta uma vez mais, de outro modo, a ação fundamental do Evangelho inteiro, o ponto máximo da mensagem de Jesus: o amor oblativo, o amor que se dá a si mesmo e que por esse perder-se a si mesmo, por esse morrer a si mesmo, gera vida.
Estamos diante de uma dos paradoxos típicos do evangelho: “perder” a vida por amor é a forma de “ganhar” a vida eterna (ou seja, uma forma de ganhar em valores definitivos); morrer é a verdadeira maneira de viver, entregar a vida é a melhor forma de retê-la, doá-la é a melhor forma de recebê-la… “Paradoxo” é uma figura literária que consiste em uma “aparente contradição”: perder-ganhar, morrer-viver, entregar-reter, dar-receber.. Parecem dimensões ou realidades contraditórias, porém na realidade não o são. Chegar a dar-se conta de que não há tal contradição, captar a verdade do paradoxo, é descobrir o evangelho.
E estamos em um ponto alto da revelação cristã. Em Jesus se expressa, uma vez mais, o acesso da humanidade à captação deste paradoxo. Na “natureza”, no mundo animal sobretudo, o principal instinto é o da auto conservação. É certo que há mecanismos diríamos “altruístas” controlados hormonalmente para acompanhar os momentos da reprodução e a criação da descendência ou para a defesa da coletividade, porém não se trata verdadeiramente de “amor”, mas de instinto, um instinto pontual excepcional sobre o grande instinto da auto conservação que centra o indivíduo sobre si mesmo. A natureza animal está centrada sobre si mesma. O que pode ser contrário a esta regra não é mais que uma exceção que a confirma.
O ser humano, pelo contrário, se caracteriza por ser capaz de amar, por ser capaz de sair de si mesmo e entregar sua vida ou entregar-se a si mesmo por amor. A humanização ou hominização seria esse “descentramento” de si mesmo, que é centramento nos demais e no amor. A parábola, objeto de nossa reflexão expressa um ponto alto desse amadurecimento da humanidade, tanto que pode ser considerada como uma expressão sintética do ápice do amor. No fundo esta parábola equivale ao mandamento novo: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei; não há maior amor que dar a vida” (Jo 15, 12-13). A palavra de Jesus tem aí também pretensão de síntese: ai se encerra toda a mensagem do evangelho. E na realidade se encera aí toda mensagem religiosa: também as outras religiões chegaram a descobrir o amor, a solidariedade... o “descentramento” de si mesmo como a essência da religião. Jesus é uma dessas expressões máximas da busca da Humanidade e do avanço da presença de Deus em seu seio...
Se as sementes somos nós mesmos, qual o motivo de morrer? Nesta hora neo-liberar em que o mundo vive, ainda que se tenha dado notável avanço em aspectos como a tecnologia, a intercomunicação mundial e até um notável desenvolvimento econômico, não podemos deixar de descobrir um certo “retrocesso” em humanização: frente ao pensamento utópico, às “ideologias” (no sentido positivo da palavra) que buscam a socialização humana, a realização máxima possível da solidariedade entre os humanos e a coletividade, a realização de uma sociedade fraterna e reconciliada, depois do fracasso simplesmente econômico, militar ou tecnológico de alguns dos setores em conflito, acabou por impor-se a volta a uma economia supostamente “natural”, descontrolada, sem intervenção, deixada ao azar dos interesses de grupos, chegando-se a proclamar que “a busca do próprio lucro seria a melhor forma de colaborar para o bem comum... É uma ideologia inteiramente contrária ao Evangelho e contrária à mensagem de todas as religiões. É por isso que podemos considerá-la como a proclamação de uma nova religião, a do egoísmo anti-solidário. Felizmente existem cada vez mais sinais de que este eclipse da solidariedade e este retrocesso da hominização transparente cada vez mais sua verdadeira natureza e a inconformidade surge por toda parte. 
“Outro mundo é possível”, apesar do esforço da propaganda neoliberal no sentido de convencer-nos de que “não há alternativa” e de que estamos no “final da história”... Se como o evangelho cremos que “não há maior amor do que dar a vida”, que a lei suprema e “morrer como o grão de trigo: para dar vida, deveríamos comprometer-nos em fazer com que a sociedade se conscientize sobre a necessidade de superar políticas econômicas tão “naturais” e tão pouco “sobrenaturais” como a atual política neoliberal.

Oração: Ó Deus, Pai e Mãe de todos, nós te pedimos que mantenhas nossa fé, nossa caridade e, sobretudo, nossa esperança, para que nos comprometamos em fazer crescer a vida, ainda que para isso devamos entregar nossa vida a cada dia. Que com isso possamos acelerar a chegada do teu Reino de Justiça, paz e solidariedade. Isto te pedimos em nome de Jesus Cristo nosso irmão maior. Amém.


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