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terça-feira, 24 de março de 2015

-DOMINGO DE RAMOS-José Salviano

DOMINGO DE RAMOS DA PAIXÃO DO SENHOR

29 de Março de 2015
ANO  A

Evangelho - Procissão - Mc 11,1-10


Evangelho - Mc 14,1-15,47


PRIMEIRA LEITURA -  O Senhor deu-me língua adestrada para que eu saiba dizer palavra de conforto à pessoa abatida.  ...O Senhor abriu-me os ouvidos...
         Quando Jesus disse que veio ao mundo para abrir os olhos dos cegos, dar audição aos surdos e libertar os oprimidos, todos entenderam que Ele estava falando apenas de curas. Não. O Mestre se referia não somente às suas curas físicas, mas também da abertura dos olhos da alma, e a cura da surdez do nosso espírito, Ele estava se referindo àqueles que vendo não enxergam, nem ouvem os apelos do Pai para mudar de vida e colaborar na construção do seu Reino que também é nosso.
         Jesus curou um mudo, que não falava porque não ouvia. É assim que funciona. Se alguém não ouve, esse alguém também não fala, porque  não aprende a falar, portanto está aí a causa da  mudez. Os franceses falam francês e não outra língua, porque desde pequenos eles ouviram falar aquela língua. Crianças perdidas ou largadas na selva não falam quando crescem. Apenas imitam os grunhidos dos animais. Do mesmo modo, as pessoas que não ouvem a palavra de Deus, que não a estuda, acabam também ficando surdas com relação à evangelização. Se não sei, se não ouvi, se não li, se não aprendi, jamais poderei falar a respeito de um assunto. O papel do Espírito Santo, além de nos inspirar, é de nos lembrar o que aprendemos, na hora de falar. Se não aprendemos...
         É interessante observar e copiar o jeito de Jesus anunciar a palavra. Ele aproveitava o dia-a-dia daquele povo, principalmente dos agricultores. "Um homem saiu a semear..."  "Vai trabalhar na vinha...". Assim também hoje, não podemos anunciar a palavra de Deus isolada da nossa realidade, do nosso dia-a-dia. O Evangelho é sempre atual porque ele precisa ser confrontado com a nossa experiência vital, com o nosso aqui e agora. Senão a palavra de Deus se torna MUDA.  
         Infelizmente, existem muitos surdos na sociedade. Eles não conseguem ouvir a palavra. Estão indiferentes. E as causas principais dessa surdez é o apego aos bens materiais, ao consumismo desenfreado, e a influência dos amigos.   
         Você reparou que ao batizar uma pessoa o padre coloca a mão nos nossos ouvidos e na sua boca, e diz: “Efatá!”?  Esse gesto significa que nossos ouvidos e a nossa boca precisam estar abertos para ouvir e anunciar a palavra.
SALMO- Meu Deus! Meu Deus! Eu sei que não me abandonastes!
Jesus enquanto homem, na agonia do sofrimento da cruz, sentiu-se por um momento que o Pai o havia abandonado. Nada disso! Deus não nos abandona um só segundo, ainda mais o Seu Filho unigênito. Também  nos momentos de desespero geralmente sentimos um Deus distante de nós, um Deus que nos abandonou à própria sorte.
Meus irmãos. Isso não acontece! Deus está sempre do nosso lado, mesmo quando o nosso sofrimento foi causado pela nossa própria culpa, nossa grande culpa. Portando, rezemos: Meu Deus me ajuda aqui. Salva-me de mais essa enrascada! Eu sei que não me abandonastes!
SEGUNDA LEITURA -
         Jesus enquanto natureza divina, podia realizar qualquer coisa, podia até mexer nas forças físicas alterando o ciclo da natureza como o fez, acalmando a tempestade, e resuscitado Lázaro depois de 4 dias morto... Porém, em nenhum momento Jesus se vangloriou dos seus poderes, os quais não eram poucos. "A mim foi dado todo o poder no Céu e na Terra".
         Agora vejamos como nós somos depois de receber algum tipo de poder: Quando somos fracos, (Exemplo: as crianças). Olhamos os grandes de baixo para cima e os obedecemos (aos pais).  Quando crescemos, (adolescentes). Começamos a olhar os demais de cima para baixo, e nos recusamos a obedecê-los.
         Quando somos funcionários da empresa, tratamos os colegas de igual para igual, com todo respeito. Assim que somos promovidos a gerente, ou a chefe de departamento, mudamos completamente, e encaramos os demais de cima para baixo, e ai daquele que não acatar as nossas ordens.
         Quando somos pedestres, paramos para os carros passar, conformados com a nossa condição. Quando somos motoristas, olhamos os pedestres de cima para baixo, e nos recusamos a sermos gentis com eles.
         Quando somos pobres, somos conformados com a nossa situação, e até podemos bajular os ricos para conseguirmos a nossa sobrevivência. Já quando somos ricos, olhamos os pobres com desprezo, achando que a sua pobreza é causada pela preguiça, e achamos que não precisamos deles, portanto, não temos nenhuma obrigação de agradá-los...
         Quando somos candidatos, somos suaves, nos mostramos amigos dos pobres, (porque é deles que vem a maioria dos votos) e defensores da sua causa. Uma vez no poder político, mudamos completamente. Arrogância, desmandos, e tudo mais o que bem sabemos. Pois o poder corrompe. Só não corrompeu a Jesus!  

EVANGELHO
         A entrada do Filho de Deus na cidade de Jerusalém foi na verdade, uma grande provocação, um ato revolucionário, de quem está disposto a tudo, disposto a enfrentar, satirizando o poder dos reis e os hipócritas vestidos de religiosos da época.
         A impressão que nos dá é que Jesus quis fazer uma paródia dos reis daquela época, os quais após dominar uma cidade com seus poderosos exércitos, tomavam posse delas atravessando-as montando um cavalo de guerra bem possante. Na verdade, Jesus estava desafiando o poder político, e religioso. Pois Ele foi hosanado como um rei, e como o Messias. Pois o povo ali presente, o aclamou como um Rei e como o Messias. Dizendo: Bendito o que vem em nome do Senhor!
         Porém, Jesus escolheu não um cavalo de guerra, mas um humilde jumento usado na agricultura pelo homem simples do campo. Ou melhor, Ele escolheu uma jumenta. Valorizando assim, o sexo feminino, valorizando a  força da mulher na construção do Reino de Deus, a começar por Maria.
         O gesto humilde de Jesus, deve ser seguido por nós. Devemos entrar na cidade, entrar na sociedade, com humildade, não pilotando uma Ferrari, mas um carrinho modesto, apenas uma condução. Aquele que pretende ser um seguidor de Cristo, um anunciador da palavra, tem de ser como o Mestre! Humilde, porém corajoso!
         Jesus não negou que Ele era Rei. "Tu o disseste". Foi a sua resposta quando lhe perguntaram se Ele era mesmo um rei. Só que Jesus é o Rei da justiça, um Rei humilde ao ponto de lavar os pés dos seus discípulos, um Rei que se identificava com o pobres e excluídos. Um Rei que não era desse mundo, mas sim, Ele veio para salvar o mundo!
         A entrada de Jesus na cidade de Jerusalém nos desperta para uma grande realidade: Assim como Ele mudou o mundo não com armas, mas com o seu amor infinito, nós, seus seguidores, também podemos contribuir para um mundo melhor, podemos derrubar o poder das armas derramando na sociedade a palavra e a bondade divina. Para isso basta humildade, muita fé, preparo,santidade, dedicação, coragem...
Vai e faça o mesmo!  Bom domingo, José Salviano.

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RAMOS - A festa de ramos marca o início da Semana Santa que, por sua vez, é o centro do grande acontecimento da nossa fé, ou seja, o Mistério da paixão, morte e ressurreição de N.S.Jesus Cristo.  Hoje Jesus vem a nós não como um rei soberano, tirano e dominador. Mas como um Rei humilde e servidor.
            Na  mesma cidade onde o rei Davi havia entrado com uma pomposa procissão, após a vitória sobre os filisteus e, entre cantos, trombetas, ramos de palmeiras o povo  o exaltava como o Rei vitorioso, o Rei Jesus  entrou de forma humilde montado em um simples jumento em vez de um pomposo cavalo para mostrar que o seu reino não é desse mundo.  E essa entrada triunfal de Jesus em Jerusalém  foi para mostrar também a presença de Deus no meio de seu povo.  Deus que está acima de todos os deuses, acima de todos os reis da Terra, desceu até nós para realizar o seu Plano de Salvação da humanidade.
            É comum a gente pensar que aquelas mesmas pessoas que aclamaram Jesus como rei no domingo de ramos foram as mesmas pessoas que o condenaram dizendo em coro: Crucifica-o! Crucifica-o!
            A bem da realidade dos fatos não foi bem assim que aconteceu.   Porque a multidão que aclamou Jesus em sua entrada triunfal pela cidade de Jerusalém, eram formada de pessoas agradecidas pelas grandes maravilhas realizadas por Jesus, especialmente os milagres de curas. Foram pessoas que reconheceram a divindade, o poder e o imenso amor de Jesus principalmente para com os oprimidos.
            Ao contrário, aquele grupo de pessoas manipuladas pelos fariseus que revoltadas gritaram: Crucifica-o! não eram aquelas mesmas pessoas do domingo de ramos.
            Veja: Jesus ao condenar as atividades comerciais do Templo,um covil de ladrões como Ele disse,  ao condenar a exploração ali realizada para fins lucrativos, ao virar as mesas dos cambistas com um chicote na mão naquele camelódromo do Templo, Ele arrumou muitos inimigos. E foram exatamente esses inimigos insatisfeitos que os fariseus  arrebanharam  para aclamar a sua condenação diante de Pilatos. E veja que Pilatos percebeu isso. Pilatos estando consciente de que Jesus não tinha nenhum  pecado, apresentou um plano "B", sugerindo a morte de cruz ao ladrão Barrabás. Porém, as pessoas insufladas pelos judeus, não aceitaram. Finalmente, Pilatos lavou as mãos, se inocentando do sangue daquele inocente.   
        Por outro lado, notamos que na missa de Domingo de Ramos que a igreja fica lotada. Será mesmo que todos estão consciente que se trata do início da Semana Santa,  do seu significado e importância para a nossa salvação?  Ou será que muitos estão ali ansiosos para pegar o ramo bento e levá-lo para casa e se proteger de todo mal, numa atitude de quase superstição?
            Qual seria melhor? Um ramo bento ou levar para casa em sua própria pessoa o Cristo Eucarístico?  O ramo é bom. Além do seu significado, ele é bento. Mais é muito mais eficaz, o próprio Cristo na Hóstia consagrada, que recebemos na comunhão e o levamos para nossa casa para que haja paz,  harmonia e para que Cristo sacramentado nos livre de todos os males, principalmente do pior mal que é o mal de nos afastar de Deus.

PAIXÃO - Jesus morreu por nós. Jesus morreu pelos nossos pecados.  Jesus é o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. 
            Meus irmãos. Estas são frases que ouvimos sempre, principalmente da boca do padre, mas que nem sempre entendemos o seu significado, sem nunca questionar. Minha avó dizia isso e eu acredito. Acreditar sem entender não é uma atitude científica diante do fenômeno psicológico da fé, mais sim uma atitude de uma fé cega, que na adolescência pode cair, desfalecer, diluir-se diante das chacotas dos amigos incrédulos.
            Então vamos solidificar a nossa fé? Vamos entender para nunca duvidar? Compreender e acreditar para não ser presa fácil dos incrédulos que movidos por satanás, estão sempre tentando nos arrastar para a descrença?
            Então. Nos tempos antigos, no Antigo Testamento, Moisés, Abraão, Isaac, Jacob tiveram experiências com Deus, o qual mantinha com o seu povo através desses patriarcas, uma ALINANÇA, ou seja, um acordo de Pai para filhos.  E nessa Aliança, era aceito por Deus, os sacrifícios de animais.  Eles matavam o melhor novilho, ou o melhor cordeiro do rebanho, e queimavam-no, e como a fumaça da combustão subia, entendiam assim que estavam fazendo uma oferta a Deus, pelo perdão dos seus pecados. E aquilo era chamado de holocausto, diziam que o cordeiro foi imolado, oferecido ao Pai pelos pecados.
            Nos tempos de Jesus, o sacrifício de animais era um verdadeiro comércio. No Templo havia a sala dos sacrifícios, onde o povo queimava animais, como bois, cordeiros, e até pombas, que eram oferecidas pelos pobres, pois os animais grandes oriundos das fazendas dos saduceus, custavam caro.  Vinha gente de todo lugar, até dos países vizinhos, para se purificar dos seus pecados, mediante a queima de animais, o que deixava a elite judaica cada dia mais rica, com o comércio dos animais para o sacrifício.
            Jesus ficou indignado com aquilo, pois sabia muito bem que por traz da oferenda a Deus, estava a exploração do povo pelos judeus, os quais  ganhavam rios de dinheiro.
            Foi por isso que Jesus disse "Não quero sacrifício, mas sim CARIDADE".  Então, no lugar de matar e queimar um animal, de preferência um cordeiro, para oferecer a Deus, nós podemos e devemos fazer uma oferenda a Deus, na pessoa do irmão carente, pelo perdão dos nossos pecados veniais, ou leves. E dando uma esmola ao pobre, estamos dando a Deus e construindo um tesouro no Céu. "Todas as vezes que você der uma esmola a um pobre, foi a mim que você deu".
            Quanto ao holocausto, ao cordeiro imolado, Jesus virou a mesa, e propôs uma nova solução, Jesus anunciou  A NOVA ALIANÇA:  Disse Ele que a sua pessoa seria oferecida em sacrifício ÚNICO ao Pai pelos pecados de toda a humanidade, e que não precisaríamos mais sacrificar os animais, nem fazer nenhum tipo de sacrifício como oferenda pelos nossos pecados. "Não quero sacrifício, mas sim CARIDADE".
            Jesus é o cordeiro de Deus, porque  esse animal preferido nos holocaustos, morre calado, sem dar nenhum gemido, não faz nenhum barulho ao contrário dos demais animais. Jesus Morreu pelos nossos pecados, isto é, ofereceu-se ao Pai em sacrifício por nossa culpas, SEM RECLAMAR, SEM MEDO, SEM CHORAR. "Pai. Tudo está consumado. A ti entrego o meu espírito"  
CONCLUSÃO - Caríssimos. Que o verde dos ramos signifique para nós hoje, o verde da ESPERANÇA  de um mundo sem violência, de um mudo convertido, e o verde da esperança da vida eterna.
            Não façamos sacrifícios pelo perdão dos nossos pecados leves. Façamos caridade. Promessas, subir de joelhos a escadaria do morro até a capela de Nossa Senhora do Monte, nada disso agrada a Deus. Agrade-O na pessoa do irmão caído no chão, sem teto, sem roupa, sem alimento, sem nada.
Vá i faça o mesmo.
Comece a Semana Santa com o pé direito.
Bom domingo de ramos.
José Salviano


Início da semana santa


Evangelho - Mt 26,14-27,66

            Nesse domingo nós festejamos a entrada triunfal de Jesus na cidade de  Jerusalém montado em uma jumenta.  Episódio que significa a manifestação de sua grandeza, porém com humildade.
O povo aclamou Jesus, reconhecendo a sua divindade. Hoje também existem muitos cristãos pelo mundo  todo que reconhecem Jesus como o Messias, o enviado do Pai ao mundo para salvação da humanidade.

A liturgia de Domingo de Ramos retrata fielmente a sequência da realidade  vivida e sofrida pelo Filho de Deus na Terra.  Ela divide-se em duas partes:
1ª - PROCIÇÃO DE RAMOS - É uma cena de um rei se aproximando  vitoriosamente em uma cidade,  aclamado pelo povo.  Ele não vinha em uma carruagem luxuosa puxada por vários cavalos fogosos, ou em uma limousine...
Mas o carinho daquele povo era de reconhecimento pelos milagres recebidos, era uma recepção calorosa e sincera de pessoas simples  que não tendo nada para dar ao homenageado, dava o seu louvor, e colocaram  tapetes de folhagem  gritando Hosana! Hosana ao rei que se aproxima deles com toda glória, ao mesmo tempo com toda humildade.
2ª  PAIXÃO E MORTE - No Domingo de Ramos, festejamos este fato histórico, de grande alegria, para em seguida, depois da procissão, lembrar outro fato histórico, o da paixão e morte daquele que veio ao mundo para nos fornecer tudo o que precisamos para nos livrar do fogo eterno e um dia desfrutar das maravilhas do Paraíso.
 Muitos que viram aquela cena, ficaram admirados com a glória de Jesus, semelhante a um rei quando entrava em Jerusalém. Já outros pensaram que se tratasse de uma brincadeira festiva...
Um grande contraste marca então, a liturgia deste domingo: Na primeira parte, alegria pela glória do Filho de Deus, entre os humildes. Para em seguida, vermos o rosto de Jesus envolto em grande tristeza, por estar sendo humilhado pelos algozes  a mando da elite que o queria ver eliminado.

Na verdade são vários contrastes. Veja:
Guerrico d’Igny nos ajuda meditar na comemoração do domingo dos ramos: “A procissão nos leva a pensar em honras reservadas ao rei; a leitura da paixão mostra os castigos reservados aos ladrões. Num primeiro momento ele é cercado de glória e honra, do outro não tem beleza nem formosura (Is. 53,2). Na procissão ele é a alegria dos homens e glória do povo, do outro lado, o opróbrio dos homens e objeto de desprezo dos homens” (Sl. 22,7). De um lado é aclamado: hosana ao filho de Davi. Bendito o que vem, o rei, em nome do Senhor” (Mc. 11,10); de outro lado é declarado digno de morte e é ridicularizado o que se dizia rei de Israel. Num primeiro momento vai-se ao encontro dele com ramos de palmas. Do outro lado as mesmas mãos machucam seu rosto e o golpeiam com uma cana. Na procissão é cumulado de louvores, na liturgia no templo é coberto de insultos. De um lado as pessoas cobrem a estrada por onde ele passa com vestes e mantos, de outro lado é despojado de suas vestes. Num momento é acolhido em Jerusalém como rei justo e salvador e de outro é expulso de Jerusalém como um criminoso e um impostor. Senta-se sobre um asno, cercado de honra, depois é suspenso no madeiro da cruz, marcado pela flagelação, coberto de chagas, abandonado pelos seus… Se queremos, irmãos, seguir nosso caminho sem vacilar tanto nos momentos felizes como nas adversidades, contemplemos o senhor cercado de honra na procissão dos ramos, coberto de ultrajes e de sofrimentos na paixão… tal mudança de circunstâncias não mudou seus pensamentos….” (Guerrico d’Igny)

Depois da procissão, na leitura e reflexão do segundo Evangelho, nós lembramos a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que se entregou por nós. Aquele deixou que o matassem.  Aquele que morreu em oferenda ao Pai pelo perdão dos nossos pecados.
Iniciamos a homilia pela traição de Judas, aquele que entregou Jesus aos soldados por trinta moedas. Muitos questionam: Mas Jesus não era conhecido de todos, principalmente ao sumo sacerdote, doutores da Lei e escribas? Por que Ele teria de ser entregue, ou identificado por Judas?
Sim. Jesus naquela altura de sua vida, era conhecido por muitos, mas não para  os soldados romanos que  foram prendê-lO. Além disso, a prisão de Jesus aconteceu à noite, e também tanto Jesus como os seus amigos, os apóstolos, se vestiam mais ou menos iguais. Portanto, era necessário que alguém, no caso Judas, mostrasse de alguma forma quem realmente era Jesus, para que não fosse preso o homem errado. Não que os judeus estivessem preocupados em não matar outra pessoa inocente, mas sim, porque eles estavam obcecados e determinados a prender Jesus e não outro.
E dessa forma, foi entregue um inocente para ser condenado a morte de cruz.  Hoje também muitos inocentes são presos por engano, ou são mortos confundidos com outros que praticaram alguma atrocidade, ou que não cumpriram os regulamentos do crime organizado.
Antes de sua morte, Jesus e seus apóstolos comemoraram a Páscoa, e nesse encontro Jesus inventou: A missa, a Eucaristia e  o sacerdócio.
A MISSA, porque aquele jantar foi a primeira missa realizada na Terra, e que é repetida em todos os altares do mundo inteiro diariamente, pelos sacerdotes e cristãos católicos.
A EUCARISTIA, porque Jesus tomando o pão e abençoando-o, disse: “Isto é o meu corpo...”
O  SACERDÓCIO, porque Ele disse: “Fazei isso em memória de mim...”  Dando o poder aos apóstolos, de transformar o pão e o vinho em seu corpo e seu sangue. Também disse em outro momento: “Eis que estarei convosco até a consumação dos séculos”, o que significa que aqueles primeiros padres seriam substituídos por outros até o fim dos tempos.
Pedro O negou por três vezes.  E você? E eu? Quantas vezes já negamos a Jesus?  Não dá nem para contar. Se tivéssemos agora em notas de cem reais ou de cinqüenta, em relação às vezes em que negamos Jesus, estaríamos ricos!
Negamos Jesus quando não respeitando os seus ensinamentos, agimos de acordo com o nosso egoísmo, de acordo com o instinto, de acordo com os ditames da carne, de acordo com a ditadura do liberalismo, de acordo com a moda, de acordo com o consumismo, enfim, de acordo com o mundo. Negamos Jesus quando temos vergonha de nos confessar cristãos diante dos homens e das mulheres, como o fez Pedro  com medo de também ser preso e morto. Negamos Jesus quando não nos preparamos adequadamente para fazer um bom sermão, uma boa homilia, e confiando no nosso conhecimento próprio, nos aventuramos a falar algumas palavras de improviso, nos esquecendo que a catequese é a coisa mais importante da santa missa, depois da Eucaristia.  Negamos Jesus quando  pecamos, quando ignoramos o nosso irmão, quando o excluímos, quando o discriminamos, etc.
Jesus começou a ficar triste e angustiado, e foi com os discípulos ao um lugar chamado Getsêmani para rezar.  Também nós por vezes ficamos angustiados quando alguma coisa não está dando certo em nossa vida, quando ficamos doentes, por exemplo,  quando perdemos um ente querido, quando se aproxima a nossa hora como foi o caso de Jesus Deus e homem.  E para nos dar o exemplo, Jesus enquanto homem se dirigiu ao Pai. Ele estava nervoso. Pois enquanto Deus, Ele sabia de tudo pelo qual iria passar. E enquanto homem, sentia uma tristeza mortal. "Então Jesus lhes disse: 'Minha alma está triste até á morte. Ficai aqui e vigiai comigo!'
Este mesmo Jesus-homem,  sentiu-se abandonado pelo Pai nos seus minutos finais de vida, e bradou:  'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?'
Muitos de nós também já nos sentimos abandonados por Deus por várias vezes na vida. E costumamos perguntar: Por que, meu Deus?!
Meus irmãos. Precisamos confiar mais em Deus! Precisamos rezar mais.  Aquele momento de angústia, assim como de desespero que  Jesus-homem experimentou, passou logo. Enquanto que nós, pela nossa falta de fé e pela ausência de oração, podemos ficar dias angustiados e infelizes quando algo ruim nos acontece.

Mas a final. Por que mataram Jesus? Esta é uma pergunta que paira o tempo todo na mente daqueles que participam ou assistem a Paixão de Cristo.  Acontece que naqueles tempos, na  Galiléia, lugar de gente explorada e marginalizada, para a qual a missão  de Jesus se tornou, de fato, uma boa nova, a qual trazia, junto com suas ações as palavras, a libertação dos oprimidos, dos humilhados, dos deixados de lado. E esse trabalho de conscientização, atraiu sobre a pessoa de Jesus, a ira dos poderosos injustos. Jesus estava atrapalhando os seus negócios tão lucrativos.
Para entender melhor isso, é importante aqui nos reportar  a realidade político-econômica e  social porque passava a sociedade do tempo de Jesus:
Além da invasão romana, aquela sociedade,  os cristãos da Galiléia,  estava sofrendo o ataque ou a invasão dos “bandidos”  que fizeram uma verdadeira tomada de Jerusalém. Aconteceu que pequenos proprietários rurais que perderam suas terras pelos altos impostos, e pela improdutividade gerada  pela infertilidade do  ano sabático, que segundo o judaísmo, era um ano sem plantar, e a isso convém acrescentar os altos juros cobrados pelos saduceus os quais lhes emprestavam dinheiro,  esses pequenos proprietários rurais revoltados passaram a assaltar em grupos. Eles se escondiam nas cavernas, e assaltavam principalmente as caravanas romanas, e num trabalho semelhante ao de Robin hood, eles repartiam o produto do roubo com os excluídos. Por isso, os chamados “bandidos”, contavam com  o apoio e a simpatia do povo faminto e explorado pelos ricos proprietários de terras, entre eles, os sumos sacerdotes e doutores da Lei.
   A fúria  e a revolta desses pequenos proprietários de terra chegou ao ponto deles invadirem Jerusalém onde se achavam os arquivos e os documentos de suas dívidas injustas dos seus credores exploradores, entre eles, os anciãos, membros do Sinédrio, sumos sacerdotes. Naquela ocasião, que foi no ano de 66, os “bandidos”  queimaram os referidos documentos e mataram os seus respectivos credores.
Foi por isso que Jesus foi escolhido no lugar de Barrabás,  condenado e morto como se fosse um bandido, e até sendo crucificado entre dois deles, numa manifestação da prepotência da elite judaica que arrolou o poder romano para concretizar  aquela chacina, ou a morte de um inocente, o qual foi condenado exatamente por ser justo. Por defender os pobres da exploração dos ricos.
O ladrão Dimas que Jesus perdoou no seu momento final na cruz, na realidade, não era um assassino cruel, mas sim um daqueles chamados “bandidos” que na companhia de outros agricultores revoltados, reclamava,  apesar de forma violenta, os seus direitos de ter um a vida com abundância.
Jesus foi preso à noite. Por isso, era necessário alguém, que no caso foi Judas, para indicá-lo aos soldados romanos que vieram prendê-lo.
A morte de Jesus já estava decretada pelas autoridades religiosas. Só restava apenas pegá-lo quando menos se esperasse. Por isso mesmo, Jesus só ficava em Jerusalém durante o dia, à noite dormia fora da cidade. Ele bem sabia que entre os discípulos havia um traidor.  Assim se explica o aspecto clandestino da ida de Jesus à noite a uma casa da cidade para celebrar a Páscoa.
Jesus é a vida que nasce da morte. No mundo inteiro, a repetição diária da celebração da Paixão do Senhor na Santa Missa, é necessária e indispensável para nos fazer entender o que significa a vitória do derrotado, o sucesso do fracassado, a glória da humilhação, a vida que nasce da morte.
A morte de Jesus, portanto, não ocorreu por acaso, mas é resultado de um plano diabólico de morte arquitetado pelos líderes religiosos e políticos, para anular a sua ação libertadora.
Porém, nada disso adiantou. Jesus ressuscitou e está vivo no meio de nós, assim como suas idéias, a sua Boa Nova, o Evangelho, que continua vivo até hoje no nosso meio, fertilizando as nossas mentes para semearmos o amor de Deus e a conscientização entre os oprimidos e os explorados.

Então vai, e faça o mesmo!
Bom domingo.


José Salviano.

3 comentários:

  1. José Salviano, bela reflexão, que Deus te abençoe.

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  2. Gosto da forma como expõe seu pensamento. Aprendo sempre!

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  3. sempre utilizo sua reflexão nas celebrações de minha comunidade. são palavras de puro amor.

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