TERÇA-FEIRA, 24 DE
JULHO
Mt 12,46-50
Quem faz a vontade de meu Pai, esse é meu
irmão, minha irmã e minha mãe.
Hoje nós comemoramos com alegria a
Apresentação de Nossa Senhora. Conforme antiga tradição, Maria, quando criança,
foi apresentada pelos pais, S. Joaquim e Sant’Ana, a Deus, na sinagoga. Havia
esse costume entre as famílias hebréias mais devotas, de apresentar a Deus
todos os seus filhos e filhas.
Quando, mais tarde, Maria e José apresentaram
Jesus no Templo, certamente ela se lembrou que também foi apresentada por seus
pais, e consagrada a Deus.
Houve, portanto, uma continuidade: de S.
Joaquim e Sant’Ana para Maria, e de Maria para Jesus. Os pais geralmente são
assim, eles continuam nos seus filhos aquilo que receberam de seus pais. Por
isso que há o provérbio: Tal pai tal filho. Ou: Filho de peixe peixinho é.
É essa continuidade na educação religiosa dos
filhos que vai fazendo continuar, nas novas gerações, a fé e a vida cristã
legítima, que vem desde o tempo dos Apóstolos. A caminhada das famílias cristãs
é idêntica à caminhada de S. Joaquim e Sant’Ana para Maria e de Maria para
Jesus. A gente desenvolve mais tarde os valores que recebeu em casa na
infância.
Jesus falou sobre isso: “Por acaso se colhem
uvas de espinheiros ou figos de urtigas? Assim, toda árvore boa produz frutos
bons e toda árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar frutos maus
nem uma árvore má dar frutos bons. E toda árvore que não produz bons frutos é
cortada e lançada ao fogo” (Mt 7,16-19).
É interessante também observar a caminhada de
Maria na santidade. Foi um crescimento constante. Começou com a concepção
imaculada e terminou com a Assunção, sendo assumida por Deus em corpo e alma.
E no Evangelho de hoje, próprio da festa da
Apresentação de Nossa Senhora, Jesus aproveita uma oportunidade para nos dar um
ensinamento fundamental sobre a Santa Igreja: Somos a sua família. Não só
família de Jesus, de Deus, mas família entre nós, os batizados.
Como uma criança que já nasce dentro de uma
família, nós, pelo batismo, nascemos dentro da Família de Jesus.
“Quem faz a vontade de meu Pai, esse é meu
irmão, minha irmã e minha mãe.” Não basta a pertença material à Igreja;
precisamos fazer a vontade de Deus.
Santo Agostinho, comentando este Evangelho de
hoje, diz: “Não sei qual dignidade de Maria é a maior: Ser a mãe de Jesus na
carne ou ser a sua discípula na fé”.
Existe uma cena, acontecida no Calvário, que é
intimamente ligada a esta, ou melhor, que esclarece o sentido desta narrada no
Evangelho de hoje: Jesus estava na cruz e, vendo sua mãe e João Evangelista,
disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho! Depois disse ao discípulo: Eis a tua
mãe!” (Jo 19,26-27). Nós sabemos que S. João ali representava toda a Igreja.
Por isso a tradição da Igreja, desde o tempo dos Apóstolos, entende que Jesus,
naquele para a sua Mãe a missão de ser a nossa Mãe na fé. Santa Mãe Maria, que
sejamos dignos filhos vossos, e assim façamos valer o provérbio: Tal mãe tal
filho.
Romeiro vela seu tamanho Um dia apareceu uma
sra aqui na sacristia da Basílica, procurando um padre. Ela estava com uma vela
do tamanhozinho dela. Eu achei engraçado pq vi certa semelhança entre a vela e
aquela mãe de família: As duas iluminam, as duas aquecem, as duas servem. E,
para fazer isso, as duas se consomem. Inclusive as duas tem lágrimas. Quantas
vezes você vê uma mãe com o rosto cheio de rugas e os filhos todos bonitos, de
rostos lisinhos. Ela está se consumindo, se desgastando para que os outros
tenham mais vida. Quando v ver uma vela soltando lágrimas, lembre-se também de
N.Sra, de J e de todas as pessoas que amam. Porque o amor sempre custa
lágrimas. Mas voltemos à senhora. Ela me disse: “Padre, eu estou com pressa. O
meu ônibus já está quase saindo lá na rodoviária. Eu queria rezar muita coisa
aqui pra N.Sra., mas não tenho tempo. Por isso comprei esta vela. O senhor
acende pra mim?” Claro que sim, disse eu. Deixe comigo e vá com Deus. E pode
ter certeza que N.Sra. também vai com a sra. Fui lá na capela das velas e
acendi a vela dela. Engraçado, não? A vela do tamanhozinho dela. Quer dizer que
a vela era ela. Aquela senhora, viajando no ônibus, certamente foi pensando: Eu
estou aqui, mas eu não saí do santuário. Estou lá rezando, naquela vela. Eu
pergunto a você: esta oração é válida? Claro que é! Nós gostamos de usar
símbolos, e Deus também gosta. A Bíblia é todinha cheia de símbolos.
Quem faz a vontade de meu Pai, esse é meu irmão,
minha irmã e minha mãe.
Padre Queiroz
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