SEGUNDA-FEIRA, 23 DE
JULHO
Mt 12,38-42
Este Evangelho começa dizendo que alguns
mestres da Lei e fariseus pediram a Jesus um sinal, uma prova de que ele era o
enviado de Deus, o Messias. Jesus lhes responde dizendo claro: “Uma geração má
e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do
profeta Jonas”.
E Jesus mesmo explica em que consiste o sinal
de Jonas: “Assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia,
assim também o Filho do Homem estará três dias e três noite no seio da terra”.
Trata-se, portanto, da ressurreição de Jesus, a prova maior de que ele é o
enviado de Deus.
Jonas, como sabemos, foi atirado no mar, em
seguida uma baleia o engoliu, e três dias depois a baleia o vomitou vivo na
praia (Cf Jn 1,15.2,1-11). Os habitantes de Nínive, que até aquele momento não
queriam ouvi-lo, ficaram assustados e a cidade em peso de converteu (Cf Jn
3,5-9).
A ressurreição de Jesus, três dias após ser
enterrado, foi um portento parecido. Mas foi também uma prova da radicalização
da incredulidade dos judeus, pois mataram o Filho de Deus!
De fato, não tinha cabimento pedir sinal a
Jesus, pois ele fazia milagres todos os dias. Só quem era cego não via.
Acontece que a nossa fé é proporcional à nossa fidelidade. Quem não segue os
mandamentos de Deus, fica como que cego e acaba perdendo a fé. Quanta gente
deixa a Igreja, inventando mil motivos, mas no fundo é porque entrou numa
situação permanente de pecado!
Jesus lembra também o exemplo bonito da Rainha
de Sabá: Ao ficar sabendo da sabedoria de Salomão, ela veio de tão longe para
ouvi-lo
(Cf 1Rs 10,1-10). E Jesus, muito maior que
Salomão, estava ali no meio daquele povo, e não o escutavam! Por isso, “no dia
do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra essa geração e a condenará”.
“Uma geração má e adúltera busca um sinal.”
Geração má porque praticavam obras más. Adúltera porque traíram a aliança com
Deus, que na Bíblia é comparada com o matrimônio. Esses procedimentos – maldade
e adultério – endurecem o nosso coração para o amor a Deus e ao próximo, e nos
levam a perder a fé.
A “geração má e adúltera” torna-se presa fácil
das seitas. Se a nossa vida prática não segue o que acreditamos, passamos a
acreditar naquilo que combina com a nossa vida prática. É a necessidade que
temos de coerência entre as várias dimensões da nossa pessoa: intelectual,
física, espiritual...
Logo que Jesus morreu, o centurião disse:
“Este era verdadeiramente Filho de Deus!” (Mt 27,54). “Era” porque já está
morto, e não mais será“uma brasa na nossa cabeça”. Que nós não cheguemos a esse
ponto, de só “acordar” depois que cometemos um pecado grande, como foi este de
matar o Filho de Deus! Que o bom Deus arranque o nosso coração de pedra e
coloque no lugar um coração de carne, mais sensível aos sinais que ele nos
manda.
A nossa desobediência a Deus começa com
pequenas infidelidades. Se não as combatemos, elas vão crescendo e, de repente,
caímos num pecado grande, sem às vezes nem perceber, como as autoridades do
País de Jesus, que o mataram sem nem perceber o pecado que faziam.
“Josué disse ao povo: Não podeis servir ao
Senhor, pois ele é um Deus santo, um Deus ciumento, que não suportará vossas
transgressões e pecados” (Js 24,19).
“Quem acolhe e observa os meus mandamentos,
esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me
manifestarei a ele” (Jo 14,21). Deus se manifesta a quem observa os seus
mandamentos. Por outro lado, Deus esconde o seu rosto de quem lhe desobedece.
“Assim como o corpo sem o espírito é morto,
assim também a fé, sem a prática, é morta” (Tg 2,26). Uma fé sem boas obras vai
definhando, e acaba desaparecendo.
Maria Santíssima foi sempre obediente aos
mandamentos de Deus. Por isso sua fé era grande. “Bem-aventurada aquela que
acreditou!”
No dia do julgamento, a rainha do Sul se
levantará contra essa geração.
Padre Queiroz
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